Descrição
A persistência também se faz na e através da diferença — das formas, dos tons e dos estilos. Para todos os participantes, bastou-nos um acordo profundo, ainda que por vezes tácito, sobre a necessidade ou mesmo a urgência de pensar a persistência da arte. Com efeito, poderia mesmo dizer-se que os dois encontros (sobre arte e política, primeiro, e sobre arte e religião, depois) procuram desenhar aquilo a que se poderia chamar a encruzilhada moderna da arte, mostrando a impossibilidade, o impasse ou mesmo o desastre aos quais conduziram as combinações ou as fusões variadas entre estas três vias (arte, política e religião). E sendo a obra (ou a sua ideia), de cada vez, o operador de uma aliança estético-política e/ou estético-religiosa, compreende-se que já se tenha podido responder a esse desastre com a injunção da «inoperância» (désoeuvrement). Todavia, tal nunca implicou que a ideia de obra, confinada exclusivamente ao campo artístico, devesse alguma vez ser abandonada.
Tal é a razão pela qual proponho hoje esboçar um outro gesto: distinguir arte, política e religião, começando por desatar os nós mais apertados de uma tal encruzilhada. É a única maneira de proceder, parece-me, para que a obra enfim se liberte.
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