Descrição
Neste livro, conta-se a história de Francisco de Paula Medina e Vasconcelos – o
maior poeta madeirense do século XVIII e do primeiro quartel do século XIX –, da
adesão da Madeira ao regime constitucional e das repercussões na ilha da restauração
absolutista subsequente à Vilafrancada. Iniciamos a obra com um breve enquadramento
familiar de Francisco de Paula, para logo passarmos à sua relativamente desafogada
adolescência, marcada pelas experiências lisboeta e coimbrã. Abordamos as
perseguições de que o pai e grande parte da elite da Madeira foram alvo aquando da
campanha anti-maçónica dos primeiros anos de 1790, perseguições que determinaram
todo o percurso posterior de Francisco de Paula. Acompanhamos o convívio literário e
boémio do poeta com Bocage e o seu círculo e o seu regresso ao Funchal. Assistimos
aos seus casamentos e ao nascimento da vasta prole, decorridos num quadro de grande
vulnerabilidade financeira. Absorvido pelos imperativos da subsistência familiar,
Francisco de Paula lançou mão de dois grandes meios para os satisfazer: a procura de
protecção – do rei e de outros dignitários e notáveis locais – e o desempenho de duas
actividades profissionais remuneradas: a de notário e, mais tarde, também a de
professor. Seguimos ambas, tal como as privações pessoais e familiares que não
alcançaram satisfazer. Vivemos as trágicas consequências da aluvião de 1803, de cuja
história um dos volumes de Francisco de Paula – que a ela assistiu – constitui uma fonte
documental privilegiada.
A segunda parte da obra é dedicada à intervenção política de Francisco de Paula
no contexto do movimento revolucionário espoletado em Agosto de 1820, que
culminou, na Madeira, na aclamação das bases da primeira Constituição portuguesa, em
Janeiro de 1821. Acompanhamos as quezílias político-ideológicas entre absolutistas e
constitucionais, rapidamente convertidas em querelas pessoais (ou vice-versa), muito
actuantes nos anos da mudança de regime. Este envolvimento político acabou de
maneira funesta para o poeta, uma vez que a alteração de forças verificada no Reino
entre os partidários do absolutismo régio e os defensores de uma monarquia
constitucional lhe foi desfavorável. A alçada enviada à Madeira com a missão de pôr
fim às veleidades dos que perfilhavam o novo ideário liberal condenou-o ao degredo em
África, onde não resistiu à diferença ecológica e à distância da sua amada Madeira.
Terminamos, assistindo aos dolorosos últimos meses de vida de Francisco de Paula e à
sua morte prematura, em 1824, na cidade da Praia.
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