Caligrafia Imperial e Dias Duvidosos

Descrição

Depois de Os Últimos Lugares eis que surge mais um livro de Manuel Afonso Costa, um poeta notável e que por direito próprio conquistou já um lugar no que de melhor se faz no contexto da poesia contemporânea portuguesa.

Emudece a casa à passagem dos presságios
é tão nítido o quanto está vazia
e permeável à ondulação da luz
essa luz iníqua que da luz se esconde
para aterrorizar incautos
que ficam a ouvir a música que escorre das paredes
por dentro da cal para soalhos sonoros
lembras-te como rangiam mais
quando menos queríamos
ainda os ouço esses pés descalços
essa desolação
na fímbria dos pinhais
na berma das dunas invadidas por destroços
no alvoroço das grandes tempestades
eu ficava à janela concentrado
na suspensão dos timbres aterradores
quando o céu negro se ramificava e dessa árvore
caíam frutos luminoso