Descrição
Ainda que o nascimento da arte seja lido por Bataille [em O Nascimento da Arte, Sistema Solar, 2015] como o momento
da descoberta de uma força humana técnica e imagética que se opõe a todas as outras forças vivas e que excede a condição da necessidade, do trabalho e da natureza, esse gesto é acompanhado pela expectativa dos primeiros pintores em poder actuar no mundo. Não se tratou, propõe Bataille, de mudar o mundo da mesma forma que se «talha uma pedra», mas de acreditar na «possibilidade de o influenciar; não como influenciava as coisas, trabalhando, mas como influenciava outros homens, pedindo-lhes e obrigando-os, apaziguando-os com dádivas».
O que está aqui em causa é associar ao gesto artístico o impulso originário de superação do mundo da necessidade, da
agressão, do trabalho. A esse gesto corresponde, segundo Bataille, a descoberta do lazer, do riso, do tempo livre. E, claro, é o
momento em que os seres humanos se descobrem enquanto espíritos. Esta brevíssima apresentação surge como forma de explorar o modo como superar a biologia, ultrapassar a natureza e conquistar o espaço (terreno e espacial), sempre caracterizou muitas das construções humanas. E como as práticas artísticas ao serem, de algum modo, contra a natureza, no sentido de ambicionarem a sua superação, também potenciam o recentramento da humanidade no mundo. O trabalho que Diogo Evangelista tem vindo a desenvolver pode ser visto neste contexto. Trata-se de uma obra que nas suas múltiplas expressões –escultura, desenho, pintura, vídeo – explora as zonas intersticiais entre arte, ciência, tecnologia, realismo, ficção, tecnologia, natureza.
Avaliações
Ainda não existem avaliações.