Descrição
Filipa Oliveira: Quando é que começaste a tua colecção?
Alberto Caetano: Ainda não sabia o que era uma colecção, mas teria doze ou treze anos. […] O primeiro artista com quem consegui falar foi com Abel Manta. Liguei-lhe para casa e disse a quem me atendeu que gostaria de falar com ele, porque queria que me oferecesse um desenho. Na altura tinha treze anos. Disseram-me para o ir visitar a casa e marcaram um dia. Foi assim que ganhei um amigo e uma amiga do coração, a sua mulher, a pintora Maria Clementina, com quem passei horas em conversas…
[…]
FO: Falaste que o Rodrigo te tinha impressionado muito. Quando compraste o quadro que tens dele?
AC: Foi em 1988, na Quadrum. Penso que o Joaquim Rodrigo tinha acabado uma exposição na galeria, porque os quadros estavam todos poisados no chão, em fila, encostados às paredes. Ao fundo da galeria, junto à porta do escritório, lá estava o quadro. Chamou-me a atenção e dirigi-me a ele num ápice. Encantou-me a sua simplicidade e sobriedade. Perguntei à Maria da Graça [Carmona e Costa], que na altura ajudava a Dulce na galeria, quanto custava aquele quadro. E res¬pondeu-me que aguardasse um momento, que ia perguntar à Dulce. Veio com a resposta, de que sendo necessário apoiar os jovens coleccio¬nadores, me faria o preço de oitenta e oito contos. Perguntei se podia usar o telefone da galeria para ligar para casa e foi num grande alvoroço que pedi o dinheiro emprestado à minha mãe. Nesse mesmo dia trou¬xe o quadro para casa, montado em cima de um táxi e embrulhado em cobertores. Posteriormente, a Dulce apresentou-me ao Rodrigo, a quem tinha contado a história do jovem coleccionador que comprara o quadro. Ele virou-se para mim e disse: «O menino fez uma péssima compra. É o meu pior quadro. Devia ter comprado os outros, que são os verdadeiros!».
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